Proposta de melhorias no processo de beneficiamento de polpas de açaí: uma aplicação do Lean Seis Sigma

Marian Carneiro

mariana_karneiro@yahoo.com.br

Universidade do Estado do Pará – UEPA, Belém, PA, Brasil.

Tassy Alves

tassyalves1996@gmail.com

Universidade do Estado do Pará – UEPA, Belém, PA, Brasil.

Mariana da Silva Monteiro

marihmont@gmail.com

Universidade do Estado do Pará – UEPA, Belém, PA, Brasil.

Nyna Arisa Ueoka

nynaueoka0707@gmail.com

Universidade do Estado do Pará – UEPA, Belém, PA, Brasil.

Giovanna Moreira Silva

G21moreirasilva@gmail.com

Universidade do Estado do Pará – UEPA, Belém, PA, Brasil.


RESUMO

A comercialização do fruto açaí se intensificou bastante a partir de 1990, o que aumentou a demanda e o preço do fruto, além de ter atraído novos investimentos em indústrias de beneficiamento de polpas de açaí para a região do nordeste do estado do Pará. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é, por meio dos princípios e métodos do Lean Seis Sigma, propor melhorias no processo de beneficiamento de polpas de açaí. Tais melhorias objetivam reduzir o tempo de paradas de máquinas, a fim de proporcionar à empresa maior rentabilidade, bem como o desenvolvimento do fluxo contínuo. Primeiro foi realizado um estudo acerca da literatura para compreender as metodologias do Lean Manufacturing, Seis Sigma e como elas se complementam, o Lean Seis Sigma. Em seguida, utilizou-se o método do Seis Sigma, o DMAIC, com as fases Definir, Medir e Analisar. Na fase, foram identificados os principais motivos e o percentual de paradas que cada um representa dentro da linha, tais como: falta de produto na área de processo −33,75%, falta de ordem de produção −23,91%, troca de laminados e bobinas − 12,7%, limpeza antes da produção −7,49% e quebra/falha mecânica − 7,35%, que juntos somam 85,2% do total de paradas da linha. Sendo assim, para cada motivo identificado foi proposto um plano de ação para reduzir ou eliminá-lo. As principais limitações da pesquisa se referem à ausência de equipe qualificada, bem como uma cultura organizacional centralizada, que permitisse análises de dados mais rápidas. Dentre as principais implicações práticas, é possível citar o uso de métodos estatísticos para a tomada de decisão na agroindústria de açaí, um setor que tem buscado a profissionalização da gestão e melhoria na oferta de seus produtos.

Palavras-chave: Indústria do açaí; Aplicação Lean Seis Sigma; Redução de Paradas; Fluxo.


INTRODUÇÃO

Em um cenário cada vez mais competitivo, as organizações de diversos setores vêm constantemente buscando melhorar seus processos, tornando-os mais eficientes. Esta busca contínua pelo aperfeiçoamento tem forçado as empresas a encontrarem métodos capazes de gerenciar e garantir a qualidade dos seus produtos e/ou serviços. Para o setor da indústria de alimentos, este cenário não é diferente. De acordo com Costa et al. (2018), a indústria global de alimentos enfrenta vários desafios que forçam as empresas do setor a melhorar suas estratégias de produtividade e qualidade para se manterem competitivas. Nesse contexto, um dos mais importantes produtos do extrativismo nacional e um dos principais responsáveis por dar visibilidade à biodiversidade da Floresta Amazônica é o fruto do açaí. Em se tratando de mercado nacional, a região Norte do país concentra a maior parte da produção de açaí, com Pará e Amazonas respondendo por 87,5% do total, sendo que o estado do Pará é o maior produtor mundial, tendo dobrado sua produção nos últimos dez anos, e o maior exportador brasileiro, seguido do Amazonas (Conab, 2019). Os pesquisadores e operadores do setor apontam fatores críticos para a competitividade da Amazônia na produção e processamento do açaí, especialmente considerando o surgimento de plantios em outras áreas tropicais. De acordo com Fernandes e Almeida (2022), o equilíbrio na produção somado a um planejamento sustentável é a chave para que o açaí se torne uma das frutas mais comercializadas do país. Portanto, se faz necessário um investimento por parte das empresas do segmento, com estratégias de verticalização e expansão da safra.

O Lean Manufacturing, também conhecido como sistema Toyota de produção, visa reduzir os desperdícios do processo produtivo, melhorando assim a qualidade e reduzindo o tempo e, consequentemente, o custo de produção. O Lean usa diversas ferramentas, tais como: 5S, Análise de Gargalos, Kaizen (Melhoria Contínua), PDCA, Poka-Yoke, Análise de causa raiz, objetivos SMART, Just-in-time, Tempo Takt, dentre outras. As ferramentas podem ser combinadas de acordo com o tipo do negócio, como é o caso do lean startup, lean healthcare e lean Six Sigma (Ferreira, 2018).

Desta forma, o lean fornece uma estrutura relevante para melhorar a eficiência, reduzindo o desperdício, ou seja, as operações que não são necessárias, tempos excessivos de configuração, máquinas não confiáveis que podem ser mais confiáveis, retrabalho que pode ser eliminado, dentre outras (Costa et al., 2018). Já o Seis Sigma é uma abordagem estatística que procura identificar e eliminar defeitos, reduzir a variabilidade dos processos, reduzir custos na produção, melhorar a qualidade do produto e reduzir defeitos (Cruz, 2021) usando a metodologia DMAIC. Esta metodologia pode ser aprimorada e estruturada como um modelo de diagnóstico para a resolução de problemas (Bugor e Lucca Filho, 2021). O Lean Seis Sigma é a combinação da estratégia de velocidade, processo cultural e organizacional do Lean alinhados às ferramentas estatísticas do Seis Sigma. A consequência desta fusão permite que os processos tenham maior qualidade e velocidade, evitando desperdício, resultando numa produção de menor custo (Silva e Gonzalez Junior, 2022). Para Costa et al. (2018), os principais estudos que englobam as duas filosofias, L e SSi, no contexto da indústria de alimentos são impulsionados principalmente por 6 fatores diferentes: redução de variação de processo, redução de desperdício, melhoria de competitividade, redução de custo, redução de estoque e aumento de eficiência de processo.

Assim, o presente estudo tem como objetivo propor melhorias no processo de beneficiamento de polpas de açaí, utilizando princípios e métodos Lean Seis Sigma.

MÉTODO DE PESQUISA

O projeto foi realizado numa empresa de beneficiamento de polpas de açaí localizada no Brasil, município de Castanhal – PA. Durante o trabalho não será mencionado o seu nome, assim como qualquer informação que possa comprometê-la.

Para a sua condução, inicialmente buscou-se informações em fontes primárias por meio de entrevistas não estruturadas com a diretoria e com a gerência da empresa, além de observações in loco. O intuito foi definir o contexto e propósito do estudo com foco nas características deste tipo de indústria. Analisando os processos e identificando as relações com os clientes (pois são o elo chave do negócio), objetivou-se identificar as principais falhas que ocorrem no processo com o intuito de prover soluções.

O trabalho em questão foi conduzido utilizando o ciclo DMAIC, executando as etapas Definir, Medir e Analisar com a construção de todo o plano de ação. Este poderá ser implementado posteriormente, assim como uma breve descrição sobre o que deve ser feito para controlar o processo.

Foi realizado um levantamento bibliográfico com o intuito de identificar o conjunto de atividades que compõem o método DMAIC por meio de referências teóricas. Este resultado deu embasamento ao trabalho, desde como estruturá-lo até a utilização das principais ferramentas para a sua condução.

Assim, para atingir o objetivo proposto no trabalho, seguiu-se as etapas:

Listas em HTML
  1. Definir: Uma análise das 7 perdas do _lean_ foi responsável pelo desenvolvimento do contrato do projeto, alinhado conforme as estratégias da empresa. Nele foram definidos o escopo, a justificativa, análise das chances de sucesso, cronograma e metas. Além disso, elaborou-se um Diagrama SIPOC e o mapeamento do processo; para entendimento de como ocorre o processo do início ao fim.
  2. Medir: Foram definidas as variáveis de interesse que deveriam ser mensuradas para a identificação dos setores e as linhas que mais tinham influência no problema. A partir disso, os dados foram coletados no sistema de registro de paradas da empresa e por meio de cronometragens. Posteriormente, foram utilizadas as ferramentas adequadas ao tratamento dos dados para uma melhor compreensão do estado atual do processo;
  3. Analisar: Foi realizada a priorização dos problemas encontrados e geradas soluções a partir da elaboração de planos de ação para eliminá-los ou minimizá-los. A análise foi feita por meio da aplicação de diferentes ferramentas da qualidade, como Diagrama de Pareto, Diagrama de Ishikawa, análise de regressão, dentre outras. Além disso, foi feita uma análise aprofundada do processo da linha identificada nas etapas anteriores, por meio do VSM, apontando possíveis melhorias para o processo. Por último, foi criado um plano de ação para solucionar os principais problemas identificados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Etapa Definir

Constatou-se que o principal problema está relacionado ao tempo que a mão de obra, peças, equipamentos, produtos e informações ficam parados ao longo do processo, o que resulta em um fluxo ineficiente. Especificamente, o escopo do projeto está centrado nas paradas de máquinas que impedem a fábrica de atingir suas metas diárias de produção. Atualmente, a produção ocorre sem ritmo e de forma empurrada, não existindo um tempo padrão de setup e nem um tempo máximo de parada das máquinas. Dessa forma, durante a produção verifica-se que há muitas paradas, impedindo o seu processo principal − o envase − no horário determinado.

O projeto visa elevar o nível de utilização da capacidade de produção da fábrica, identificar as atividades que não agregam valor ao produto e, com isso, traçar um plano de ação para minimizar o tempo de parada das máquinas, aumentando a produtividade e proporcionando ao chão de fábrica o fluxo contínuo de produção, bem como a redução de custos.

Desta maneira, foi desenvolvido inicialmente o Termo de Abertura do Projeto (TAP), firmando o compromisso da equipe de realização junto à empresa e vice-versa, como mostra o Quadro 1.

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Vale ressaltar que o TAP sofreu algumas alterações com o decorrer do projeto: devido às dificuldades de acesso a certas informações, algumas variáveis não puderam ser quantificadas com mais precisão e o contrato foi realinhado à medida que a fase Medir era realizada.

Em seguida, para melhor compreensão do processo, elaborou-se o Diagrama SIPOC (Figura 1), o qual mostra em linhas gerais os elementos básicos do processo.

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Como as estimativas da empresa refletem um aumento em seus volumes de produção e vendas ao longo do tempo, faz-se necessário analisar e compreender o fluxo geral do processo para estabelecer posteriormente o fluxo da cadeia de valor e eliminar e/ou reduzir as atividades que não agregam valor ao produto. Foi elaborado um fluxograma do processo (Figura 2) para melhor compreensão das etapas que seguem o processo.

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Caso o produto seja para reprocesso no período da entressafra, é retirado das embalagens e triturado no quebrador de gelo, para reiniciar o processo a partir da pasteurização.

Durante este processo verifica-se que há muitos problemas que influenciam na baixa eficiência da operação, principalmente com relação à parada de máquinas. Para quantificar este problema, foram analisados dados referentes ao tempo de parada das máquinas registrado do período de abril de 2018 a outubro de 2019.

Etapa Medir

Ao perceber que a fábrica não consegue atingir metas diárias devido ao grande número de paradas durante o processo, a empresa tem coletado dados com o intuito de conhecer o motivo. Entretanto, os dados não são transformados em informações para que se visualize e compreenda o que está acontecendo durante o processo de produção. Por meio de estatísticas espera-se entender o comportamento das variáveis que impactam nos altos índices de parada de máquinas.

Para melhor visualizar o comportamento das paradas ao longo do período analisado, foi plotado o gráfico da Figura 3.

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Como é possível observar, o gráfico apresenta um pico no mês de agosto de ambos os anos, em comparação aos meses que o antecedem, mostrando uma alta maior em 2019. No período em questão (início da safra), as máquinas deveriam estar trabalhando a todo vapor, pois é quando há maior demanda e o preço da matéria prima cai. Foi verificado o total de 2.582.227 minutos parados.

Esses dados são referentes a máquinas específicas de alguns setores, listados no diagrama direcionador ilustrado pela Figura 4. Um fator importante a ser considerado é que as máquinas que produzem mix e o quebrador de gelo foram consideradas à parte por não terem setor específico.

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O levantamento das paradas é apresentado por setor no Diagrama de Pareto da Figura 5, tornando possível identificar onde acontece a maior parada de máquinas.

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A Figura 5 apresenta as seguintes linhas principais, dispostas conforme o diagrama da Figura 6.

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A partir disso foi elaborado um Diagrama de Pareto (Figura 7) para priorizar a linha que será o foco do trabalho, ou seja, aquela com mais registros de paradas.

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A partir do gráfico observa-se que a linha de 100 g simples é a que apresenta maior tempo de parada, com 36,5% do total do setor. Numa análise geral, significa dizer que esta linha apresenta 24,06% do total de paradas registradas no período, conforme a Figura 8.

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A linha de 100g simples é composta por 7 máquinas no setor de envase, conforme a Figura 9.

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Para a análise, o ideal seria identificar se as máquinas apresentam variações de paradas entre si. Entretanto, como a linha analisada já corresponde ao percentual de melhoria que o estudo visa, foram analisadas todas as máquinas do setor, independentemente do comportamento. O gráfico da Figura 10 ilustra como estão distribuídos o tempo de parada total, em minutos, por máquina.

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Neste caso, nota-se que a máquina 3 apresenta maior tempo parado, com as máquinas 1 e 2 com valores próximos. Em média, cada máquina apresenta um total de 88.762,72 minutos parados. Considerando o número de dias de cada máquina parada, chega-se a uma média de 3 horas e 42 minutos por dia.

Para analisar a estabilidade das paradas, os dados coletados no período foram agrupados por mês e plotados numa carta de controle (Figura 11).

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Para a construção do gráfico considerou-se os períodos de safra e entressafra em 2018 e 2019.

Analisando as duas safras e as duas entressafras separadamente, verifica-se que a média de tempo parado por mês é de 32.831,63 e 32.607,82 minutos, respectivamente. São valores muito próximos, visto que são períodos totalmente diferentes em termos de quantidade de pedidos e volume de produção. Isso cria a falsa sensação de que no período da safra está ocorrendo uma maior utilização das máquinas quando, na verdade, o tempo médio de ociosidade está próximo ao tempo do período da entressafra.

Etapa Analisar

Primeiro, realizou-se um brainstorming para identificar as possíveis causas, de acordo com material, método, máquina e mão de obra.

Quando ocorre uma parada em qualquer máquina, o colaborador registra o tempo de inatividade e especifica o motivo. Vale ressaltar que uma parada pode não ser relacionada somente a falhas ou defeitos mecânicos e/ou elétricos. Vários fatores podem influenciar para que haja esta interrupção, principalmente aqueles relacionados ao processo. Os vários motivos registrados foram agrupados e/ou consolidados para melhor análise, e estão dispostos no Diagrama de Ishikawa da Figura 12.

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As Figuras 13, 15 e 17 representam os Gráficos de Pareto para priorizar os motivos de paradas no geral, na safra e na entressafra, respectivamente.

Para validar os dados foi realizada uma análise de regressão múltipla, a fim de verificar se realmente as variáveis têm impacto sobre o problema. A análise foi realizada, conforme as Figuras 14, 16 e 18, para as cinco causas prioritárias encontradas nas Figuras 13, 15 e 17, e definidas as hipóteses nula − H0 (não há relação) − e alternativa − H1 (há relação).

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Para as análises, considera-se que os motivos que exercem influência nos períodos analisados são os destacados em cor cinza, visto que o valor F de significância e o valor de P são menores que 0,05. Por este motivo, deve-se rejeitar a hipótese nula (de que não há relação) com um nível de confiança de 95%.

A mesma análise será feita para os gráficos da safra e da entressafra, nas Figuras 15 a 18.

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Quando analisado somente o período da safra (Figura 15), o gráfico mostra que as cinco principais causas de paradas são: falta de produto na área de processo (31,39%), troca de laminados e bobinas (24,11%), quebra por falha mecânica (12,07%), falta de ordem de produção (7,87%) e limpeza antes da produção (7,75%). Juntos somam 83,19% do tempo parado no período.

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Pela análise de regressão, verifica-se que apenas a falta de produto na área de processo, a troca de laminados e bobinas e a quebra por falha mecânica têm influência.

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Já quando analisado somente o período da entressafra (Figura 17), o gráfico mostra que as cinco principais causas de paradas são: a falta de ordem de produção (52,70%), a falta de produto na área de processo (18,44%), a limpeza antes da produção (7,30), a troca de laminados e bobinas (4,35%) e a quebra por falha mecânica (3,89%). Juntos somam 86,68% do tempo parado no período.

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De forma resumida, o diagrama da Figura 19 apresenta a análise discutida anteriormente, na qual a linha de 100 g simples é responsável por 24,06% do tempo total de parada. Desses, 42,27% (262.640 min) correspondem ao período da safra, e 57,73% (358.699 min) correspondem à entressafra.

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Para minimizar e/ou eliminar os cinco problemas destacados foram elaborados planos de ação para cada um.

Plano de ação

Diante dos dados coletados e a identificação dos problemas destacados, foram desenvolvidos planos de ação para: falta de ordem de produção (Quadro 2), troca de laminados e bobinas (Quadro 3), limpeza antes da produção (Quadro 4), quebra por falha mecânica (Quadro 5) e falta de produto na área de processo (Quadro 6). Também foi feito MFV atual e futuro do referido problema, conforme Figuras 20 e 21.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo geral propor melhorias no processo de beneficiamento de polpas de açaí, utilizando princípios e métodos Lean Seis Sigma, no qual foram identificados os principais motivos de paradas e elaborado um plano de ação, considerando sua aplicação a curto, médio e longo prazo, já visando a sua implementação para a próxima safra. Logo, pode-se considerar que o objetivo do trabalho foi alcançado. Assim, obteve-se conhecimento não só dos motivos que mais influenciam as paradas da linha analisada – que, possivelmente, são os mesmos que afetam as outras linhas −, mas também do tempo que cada um representa no total de paradas registradas ao longo dos meses analisados.

Este foi o primeiro projeto realizado na empresa com foco em melhoria utilizando ferramentas estatísticas. Cabe ressaltar que a sua realização só foi possível a partir dos registros coletados e após a implantação de um sistema de indicadores que permite o lançamento das informações, em tempo real, tanto de produtividade quanto de ociosidade de máquinas e equipamentos.

No entanto, por mais que registre informações cotidianamente, a empresa não faz uso de métodos de controle e gestão de dados como tratamento estatístico, mas por registro de formulários. Por outro lado, fatores preponderantes limitaram a pesquisa: a falta de incentivo da alta gerência na realização de projetos que visem a melhoria dos processos conforme exigências dos clientes, a falta de uma equipe qualificada para o tratamento das informações, a aplicação de testes que comprovem as melhorias e a cultura organizacional de centralização de decisões.

Logo, cabe destacar a importância da realização de trabalhos que comprovem estatisticamente a real eficácia das ações propostas. Como sugestão para trabalhos futuros, pode-se demonstrar quantitativamente, por meio da utilização de testes de experimentos, o impacto real na redução das paradas. Outra sugestão é um projeto que vise a implantação de um sistema de controle/medição de dados que retorne à empresa resultados plausíveis de seus processos, servindo como base para tomadas de decisões.

A cultura de qualidade e melhoria de processos deve ser incentivada e vista como ponto chave para o sucesso, tornando a empresa mais profissional e competitiva. A partir da utilização do método lean casado com as ferramentas do Seis Sigma, poderá desenvolver projetos que agreguem valor não só a ela, mas aos seus stakeholders, além de identificar os pontos de ineficiência do processo e eliminá-los.

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Recebido: 14 jul. 2023

Aprovado: 20 nov. 2023

DOI: 10.20985/1980-5160.2023.v18n3.1890

Como citar: Carneiro, M., Alves, T., Monteiro, M.S., Ueoka, N.A., Silva, G.M. (2023). Proposta de melhorias no processo de beneficiamento de polpas de açaí: uma aplicação do Lean Seis Sigma. Revista S&G 18, 3. https://revistasg.emnuvens.com.br/sg/article/view/1890