Análise da utilização da saúde enxuta no contexto dos serviços farmacêuticos

Andre Teixeira Pontes

atpontes@id.uff.br

Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.

Istefani Carisio de Paula

istefanicpaula@gmail.com

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.

Elaine A. R. de Campos

earcamp@gmail.com

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.

Edyane Lopes

edyanelopes@hotmail.com

Secretaria de Estado de Saúde do Rio Grande do Sul – SES, Porto Alegre, RS, Brasil.


RESUMO

Contextualização: As despesas com medicamentos são relevantes e crescem no sector da saúde. Portanto, as operações de Serviços Farmacêuticos (SF) são concebidas para desempenhar um papel significativo na melhoria dos contextos sociais e econômicos da saúde.

Objetivo: Este artigo visa analisar se as práticas do Lean Healthcare (LH – Cuidados de saúde Lean) têm contribuído para a melhoria dos processos do SF.

Métodos: Este estudo é baseado nas diretrizes do PRISMA. A pesquisa foi realizada na literatura por meio de bancos de dados, como Web of Science, Scopus, Medline (via PubMed) e Embase. Neste estudo, 2878 artigos identificados foram selecionados. Os artigos publicados até o final de 2017 (e considerando um período de 10 anos) foram pesquisados. No total, 43 estudos atenderam aos critérios de inclusão e exclusão predefinidos para análise dos dados neste trabalho, 37 dos quais foram publicados em 25 periódicos e seis em congressos.

Resultados: Os Estados Unidos e o Reino Unido concentraram 65% dos artigos. Observou-se uma predominância de estudos no contexto do setor Farmácia Hospitalar, enfatizando as práticas de LH nas etapas de Distribuição e Uso no contexto do SF.

Conclusão: A literatura sobre o pensamento lean aplicado no contexto específico do SF é relativamente recente e escassa, com um crescimento mais acentuado nos últimos anos. Verificou-se que as práticas de LH no SF têm sido aplicadas com maior ênfase na redução de tempo e desperdício de recursos, enquanto contribuem para a melhoria dos processos e aumento da segurança dos pacientes.

Palavras-chave: Lean Healthcare; Serviço Farmacêutico; revisão da literatura.


INTRODUÇÃO

O sector da saúde é vital para a sociedade e requer muitos recursos para o seu pleno funcionamento. Entre esses recursos estão os medicamentos, que são os principais agentes nos processos de cura e cuidado de relevância financeira considerável; seus custos estão crescendo no Brasil devido à população (Pinto; Osorio-de-Castro, 2015). A gestão de todos os processos relacionados com drogas, incluindo o seu uso racional, é chamada Serviço Farmacêutico (SF), e a sua complexidade operacional pode gerar desperdício.

No Brasil, os Serviços Farmacêuticos envolvem pesquisa, desenvolvimento e produção de medicamentos e insumos, bem como sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia de qualidade de produtos e serviços e o acompanhamento e avaliação de seu uso, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (Brasil, 2014).

Considerando o contexto brasileiro, estruturar os Serviços Farmacêuticos é um dos grandes desafios para os gestores, seja pelos recursos financeiros envolvidos, seja pela necessidade de melhoria contínua, buscando novas estratégias na sua gestão (Pontarolli, 2007).

No Brasil, falhas que podem fazer com que a população não receba os medicamentos necessários têm contribuído para o agravamento das condições de saúde dos indivíduos, além de possibilitar um aumento das demandas judiciais por medicamentos. Tais fatos têm um impacto no aumento das despesas e contribuem para a quebra do serviço, gerando um efeito cíclico negativo (Machado et al., 2011; Pinto; Osorio-de-Castro, 2015; Catanheide et al., 2016).

A complexidade desse sistema torna-se evidente, considerando que o SF é operacionalizado por quase dez operações envolvendo outras dezenas de interessados, como profissionais de saúde (médicos, farmacêuticos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e outros), tomadores de decisão, gerentes de negócios farmacêuticos, produtores e distribuidores, entre outros. As chances de falhas nas interfaces entre as partes envolvidas e dentro das operações fazem do SF um alvo para a aplicação das práticas de LH, visando aperfeiçoar processos, reduzir desperdícios e aumentar a confiança, a robustez dos processos e a resiliência dos profissionais, proporcionando assim um melhor atendimento aos pacientes. Tudo acontece em um ambiente complexo, com recursos limitados.

Estudos indicam questões de gestão de SF nos municípios brasileiros, gerando escassez de drogas e aumento de custos que prejudicam a população atendida (Bruns, et al., 2014; Pimenta-de-Souza et al., 2014; Pinto; Osorio-de-Castro, 2015; Fialho et al., 2016; Rover et al., 2016; Rodrigues et al., 2017). Este cenário justifica a aplicação do Lean Healthcare (LH), com o objetivo de minimizar perdas.

Lean Manufacturing refere-se a um tipo de gestão focada na identificação e eliminação de atividades que não agregam valor (Yamamoto et al., 2010).

A crescente utilização e adaptação do Lean no setor da saúde, especialmente no ambiente hospitalar, tem gerado o que é conhecido como Lean Healthcare. As intervenções Lean no setor da saúde visam melhorar a qualidade da saúde, reduzindo assim o desperdício e facilitando o fluxo nos processos de trabalho (Shazali et al., 2013; Andersen et al., 2014; Al-Hyari et al., 2016).

LH tem sido utilizado em diversos setores da saúde, incluindo os Serviços Farmacêuticos, visando reduzir as taxas de erro, otimizar o serviço, reduzir custos, promover o engajamento dos funcionários, melhorar a satisfação dos pacientes e diminuir as taxas de mortalidade (Hlubocky et al., 2013). Do ponto de vista do conhecimento, a utilização do LH no sector da saúde é relativamente recente, com os primeiros casos a datarem de 2005-2007 (Womack et al., 2005; Jones; Mitchell, 2006; D’Andreamatteo et al., 2015). Desde então, as implantações de LH têm-se multiplicado, com ênfase nos níveis de saúde secundários ou terciários, e se expandido para países como o Brasil e Holanda (Costa; Godinho Filho, 2016). Os hospitais são os cenários mais explorados, sendo os departamentos de emergência e cirurgia os pioneiros. Os EUA são o país líder em número de aplicações (D’Andreamatteo et al., 2015). Os estudos teóricos analisados por estes autores (D’Andreamatteo et al., 2015; Costa; Godinho Filho, 2016) enfatizaram principalmente barreiras, desafios e fatores de sucesso para o LH, considerando o setor de saúde como um todo. Entretanto, considerando o significado econômico e social das operações de Serviços Farmacêuticos (SF), como os gastos com medicamentos são relevantes e crescentes na estrutura de custos no setor de saúde, como as práticas de LH têm contribuído para uma melhoria nas operações de SF?

Segundo Hlubocky et al. (2013), três fontes de resíduos são particularmente importantes na implantação de uma mudança no modelo de prática farmacêutica: erros relacionados com medicação, processamento e potencial não utilizado dos empregados. Os autores afirmam que tais erros não só colocam os pacientes em risco, mas também resultam em desperdício de tempo e recursos.

Soliman e Saurin (2017) observou que os estudos publicados ainda estão focados em aplicações Lean em nível de ferramenta em departamentos ou processos específicos e não na cultura e estratégia organizacional. Eles indicam que as limitações Lean no setor da saúde e as dificuldades encontradas neste novo ambiente ainda estão sendo investigadas, já que a assistência à saúde Lean é recente se comparada ao Lean Manufacturing.

O objetivo deste estudo é analisar a utilização do LH no contexto das atividades de Serviços Farmacêuticos. A contribuição teórica visa ampliar o entendimento acadêmico sobre o LH no SF, explorando quais práticas, principais métricas e resultados foram obtidos em tais aplicações ou na sua inexistência. A contribuição prática é a identificação de oportunidades de aplicação, visando orientar engenheiros, consultores, profissionais de saúde e tomadores de decisão de SF em seus esforços para reduzir as possíveis perdas no processo e melhorar a qualidade.

METODOLOGIA DE PESQUISA

Uma revisão abrangente da literatura foi realizada nas bases de dados SCOPUS, Web of Science, PubMed e Embase, a fim de investigar a contribuição do LH para melhorar as operações de SF, usando as palavras-chave e a estratégia de busca apresentada no Quadro 1.

A sigla Pico (população, intervenção, comparação e resultado) foi utilizada para estruturar a estratégia de busca a partir da elaboração da pergunta da pesquisa e da identificação dos termos de busca (Higgins; Green, 2011; Shamseer et al., 2015), gerando assim as cadeias de busca descritas na Figura 1.

Foram selecionados artigos sobre estudos primários publicados nos últimos 10 anos, até 2017, e que apresentavam a aplicação do Lean Healthcare nas atividades de Serviços Farmacêuticos. Nenhum artigo foi excluído com base nos resultados das aplicações do LF no SF. Foram considerados artigos em português, inglês, espanhol e francês. Artigos duplicados, artigos de revisão, artigos cujo conteúdo completo não estava disponível e artigos que, apesar de se aproximar de uma melhoria em alguma atividade relacionada aos Serviços Farmacêuticos, não utilizavam o termo "Lean", foram considerados como satisfazendo os critérios de exclusão.

Os artigos foram compilados em uma planilha eletrônica utilizando o software MS Excel®, e foram classificados de acordo com o setor de aplicação, as principais operações de SF e a atividade relacionada à fase, quando aplicável. Em seguida, os artigos foram analisados com o intuito de identificar sua contribuição teórica, métodos, práticas e principais indicadores utilizados, além dos resultados de tais indicadores.

A análise do conteúdo dos artigos permitiu a exploração das ferramentas e práticas Lean que foram estudadas nas diversas aplicações encontradas. O país original do estudo, o ano de publicação e a revista foram utilizados como unidades de contexto. Como unidades de análise, os artigos foram separados e agrupados por tipo de ferramenta e método adotado, de acordo com o nível de saúde e com a atividade dos Serviços Farmacêuticos com os quais estavam relacionados. Este esforço gerou um gráfico comparativo das técnicas encontradas.

RESULTADOS

A pesquisa nas bases de dados devolveu 2.878 documentos. A Figura 1 apresenta o resultado da pesquisa nas bases de dados e da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão. Os artigos duplicados foram inicialmente eliminados. Em seguida, foram lidos títulos e resumos, aplicando-se assim os critérios de inclusão e exclusão. Finalmente, uma leitura completa do conteúdo permitiu obter a lista final dos artigos selecionados. Destaca-se que 11 artigos foram excluídos devido à impossibilidade de acesso ao seu conteúdo completo.

Figura 1. Fluxograma de seleção de artigos e estratégia de busca

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Lista de artigos selecionados na Tabela 1.

Tabela 1. Lista de artigos selecionados

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Os artigos selecionados foram publicados de 2008 a 2017, tendo-se verificado um aumento do número de publicações nos anos mais recentes. Tal perfil mostra que a utilização do sistema Lean Healthcare no contexto do Serviço Farmacêutico é relativamente recente (Soliman; Saurin, 2017; D’Andreamatteo et al., 2015).

Foi verificado que aproximadamente 65% dos estudos foram realizados nos Estados Unidos (22 artigos) ou no Reino Unido (seis artigos). Isto pode ser explicado pela presença de políticas de incentivo de órgãos governamentais ou sociedades, como descrito abaixo.

Nos Estados Unidos, a Sociedade Americana de Farmacêuticos de Sistemas de Saúde (ASHP – American Society of Health-System Pharmacists) e a Fundação de Pesquisa e Educação da ASHP (Foundation of Research and Education of ASHP) co-patrocinaram a Iniciativa Modelo de Prática Farmacêutica (PPMI – Pharmacy Practice Model Initiative). Os objetivos do PPMI são atualizar a estrutura do modelo de prática para melhorar o atendimento do paciente e aumentar a quantidade de tempo que os farmacêuticos passam nas funções de atendimento direto ao paciente. A iniciativa visa ajudar, orientando hospitais e sistemas de saúde a desenvolver modelos práticos de sucesso. LH foi indicada como uma ajuda significativa para alcançar tais objetivos (Hlubocky et al., 2013). No Reino Unido, o Serviço Nacional de Saúde (NHS – National Health Service) incentiva a incorporação de ferramentas como o mapeamento do fluxo de valor (MFV) nas unidades do NHS, incluindo as farmácias (Lindsay et al., 2014; NHS, 2018).

Dois estudos foram realizados no Brasil. O primeiro (Costa et al., 2015) avaliou cinco setores de dois hospitais brasileiros que implantaram os conceitos de LH em suas operações. O serviço de farmácia hospitalar foi um dos setores analisados, com o objetivo de melhorar a gestão de estoques. O segundo estudo brasileiro identificado (Furukawa et al., 2016) analisou, pela metodologia Lean Seis Sigma, ações sustentáveis do ponto de vista ambiental em processos relacionados a medicamentos no contexto hospitalar, desde o recebimento da prescrição pela Farmácia Hospitalar até o descarte dos resíduos pelos enfermeiros, uma vez que os medicamentos são administrados.

Os artigos selecionados são oriundos de 25 periódicos. O American Journal of Health-System Pharmacy foi destaque com oito artigos publicados, o que pode ser explicado por ser a publicação oficial da American Society of Health-System Pharmacists (ASHP), que incentiva o uso do LH (Hlubocky et al., 2013).

Classificação de artigos

A Figura 2, elaborada a partir de um diagrama Sankey, apresenta a classificação dos artigos por setor, etapa do ciclo de Serviços Farmacêuticos e atividade. Os diagramas Sankey são utilizados para visualizar os fluxos de energia, materiais ou outros recursos, com aplicações em diversos setores (Schmidt, 2008). É possível verificar que a maioria dos artigos é do setor de Farmácia Hospitalar e abordou as etapas do ciclo SF de Distribuição e Uso e as atividades de Manuseio e Dispensação de Medicamentos, simbolizadas pela maior espessura das setas desta figura.

Figura 2. Distribuição de artigos por áreas de atuação, etapas do ciclo do Serviço Farmacêutico e atividade analisada – Diagrama Sankey

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Verificou-se uma predominância de estudos relacionados com a Farmácia Hospitalar, o que está de acordo com os estudos de Andersen et al. (2014) e D’Andreamatteo et al. (2015), que afirmam que, no setor da saúde, o Lean é mais difundido nos hospitais (níveis de saúde secundária e terciária). Neste contexto, foram destacados estudos envolvendo a distribuição de medicamentos (20 artigos) e o uso (26 artigos) no ambiente hospitalar.

Na distribuição de medicamentos, o LH tem sido utilizado principalmente para melhorar os processos relacionados com o manuseio de medicamentos injetáveis, destacando-se os quimioterápicos (Aboumatar et al., 2010; Lingaratnam et al., 2013; Beard et al., 2014; Sullivan et al., 2014; Lamm et al., 2015; Shah et al., 2016). A aplicação de LH permitiu reduzir erros e desperdícios (Lingaratnam et al., 2013), o tempo de preparação de um medicamento (Aboumatar et al., 2010; Lamm et al., 2015), e o tempo de espera para os pacientes (Beard et al., 2014), incluindo o tempo para administrar a primeira dose (Lingaratnam et al., 2013). Outras abordagens incluem o redesenho da distribuição de medicamentos contra o aumento da automação (Lindsay et al., 2014) e a aplicação dos conceitos do sistema de produção da Toyota com o objetivo de melhorar a segurança e reduzir o tempo para o processo de distribuição de medicamentos (Newell et al., 2011). Também foi verificada uma abordagem mais alinhada com a sustentabilidade ambiental, com todo o processo de análise de medicamentos, desde a recepção da receita pela Farmácia Hospitalar até a disposição dos resíduos pelos enfermeiros, com foco na gestão de resíduos. Como resultado, foi alcançada uma redução na quantidade de resíduos químicos, infecciosos, perfurantes e de corte gerados, além de um aumento na quantidade de resíduos comuns e recicláveis (Furukawa et al., 2016).

Houve uma concentração de estudos relacionados com a etapa de uso do medicamento (25 artigos), com foco na dispensação, que foi abordada no contexto do atendimento em ambas as unidades de internação (Al-Araidah et al., 2010; Beard; Wood, 2010) e unidades ambulatoriais (Jenkins; Eckel, 2012; Hunter et al., 2013; Amerine et al., 2017). Tais abordagens pretendem analisar aspectos como o tempo do ciclo do processo de dispensação (Al-Araidah et al., 2010; Beard; Wood, 2010; Declaye et al., 2015; Elsheikh et al., 2017), tempo de espera para o paciente (Hunter et al., 2013; Beard et al., 2014; Abuhejleh et al., 2016; Amerine et al., 2017), e redução do desperdício e eliminação de atividades que não agregam valor (Mazur; Chen, 2008; Jenkins; Eckel, 2012; Nazar et al., 2016).

No que se refere ao desperdício e eliminação de atividades que não agregam valor, destaca-se o foco dado ao desempenho do profissional farmacêutico. Jenkins e Eckel (2012) conseguiram reduzir em 47% o tempo gasto pelos farmacêuticos em atividades técnicas menos complexas, aumentando assim o tempo gasto em atividades centradas no contato direto com os pacientes. Outros estudos mostram também que os farmacêuticos gastam uma parte significativa do seu tempo em atividades que não acrescentam valor, numa magnitude de 23,8% (Green et al., 2015), 25% (Curatolo et al., 2014), e 40.3% (Fisher et al., 2016). Por exemplo, Curatolo et al. (2014) relatam desperdícios referentes a: excesso de produção relacionado com a reelaboração das informações fornecidas pela equipe médica; espera, pois os farmacêuticos passam 5% do seu tempo à espera de respostas da equipe de enfermagem; não utilização do intelecto do pessoal, pois os farmacêuticos passam 12% do seu tempo na enfermaria, verificando os medicamentos dos pacientes e redigindo formulários de pedidos que podem ser preenchidos por um técnico; transporte, pois os farmacêuticos passam 5% do seu tempo transferindo formulários para a farmácia hospitalar; e movimentação, pois os farmacêuticos passam 2,5% do seu tempo na enfermaria à procura de tabelas ou medicamentos dos pacientes. O autor concorda que a LH ajuda a identificar esse desperdício e que a atuação dos profissionais deve ser focada em atividades que agreguem mais valor, como a farmácia clínica (Curatolo et al., 2014; Green et al., 2015; Fisher et al., 2016).

O uso de LH em contexto clínico foi verificado por Goga et al. (2017), cujo objetivo era diminuir a prescrição de medicamentos antipsicóticos indicados para agitação. Os autores informam que uma equipe multidisciplinar conseguiu reduzir essa indicação em 90% com o uso do LH. A intervenção realizada com o LH produziu mudanças culturais na equipe de trabalho, pois aprenderam a esperar por uma avaliação completa do paciente, em vez de administrar automaticamente um medicamento antipsicótico no primeiro dia de internação do paciente.

O LH também foi usado com foco no processo de administração de medicamentos. Kieran et al. (2017) aplicaram o LH com o objetivo de melhorar a eficiência da rodada de medicamentos, reduzindo assim as interrupções, e reduzir o tempo necessário para completar a rodada de medicamentos orais. A Farmácia Hospitalar, a enfermagem e a equipe de melhoria da qualidade participaram dessa intervenção, obtendo resultados significativos, que podem ser vistos na Tabela 3.

O desperdício no processo de aquisição de medicamentos foi abordado por um único estudo realizado no serviço de Farmácia Hospitalar de um hospital na Indonésia, que se baseou nos sete desperdícios do Lean. Os autores identificaram as seguintes causas: má comunicação, orçamento não planejado para aquisição de medicamentos, inventário inadequado, funções organizacionais da Farmácia e da Comissão Terapêutica ainda não administrada, e estruturas de área de trabalho inadequadas (Prasetya et al., 2015).

Um estudo relatou a aplicação do LH na etapa de seleção do medicamento no SF. Os autores aplicaram a metodologia Lean em uma iniciativa para redesenhar a lista continuamente atualizada de medicamentos disponíveis para uso dentro de um centro médico acadêmico (Karel et al., 2017).

Utilização de ferramentas e práticas de saúde lean

Referindo-se às ferramentas e práticas de LH citadas nos artigos, o mapeamento do fluxo de valor (MFV) é destacado como o mais utilizado, o que também foi relatado por outros autores (Henrique; Filho, 2018). Ao aplicar o MFV para analisar o processo de distribuição de medicamentos para encomendas urgentes num hospital geral em Portugal, Afonso et al. (2016) identificaram várias tarefas com pouco ou nenhum valor acrescentado.

É interessante verificar que, em segundo lugar, 11 artigos citaram o uso da análise do fluxo de trabalho nos estudos. Sullivan et al. (2014) desenvolveram dois mapas de fluxo de trabalho para o processamento de pedidos de medicamentos para as clínicas de oncologia do Hospital Yale-New Haven, antes e depois das melhorias do processo Lean. A mudança consistiu em eliminar seis etapas, sendo quatro desenvolvidas por farmacêuticos e duas por técnicos.

O estudo realizado por Mazur e Chen (2008) é destacado pelo desenvolvimento de um método de mapeamento e análise do sistema baseado nos princípios do MFV. O método foi aplicado com o objetivo de compreender e reduzir o desperdício na administração de medicamentos no contexto hospitalar.

As práticas e ferramentas apresentadas na Tabela 2 auxiliam na condução de futuros estudos empíricos, especialmente aqueles que pretendem explorar os menos utilizados, com o objetivo de provar ou não o seu valor nesse campo de pesquisa.

Tabela 2. Ferramentas e práticas citadas nos artigos selecionados

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No estudo de D’Andreamatteo et al. (2015), eles descobriram que a transferência de várias técnicas de melhoria de qualidade, como o Lean Seis Sigma, da indústria manufatureira para a indústria de serviços (como a saúde) representaria uma oportunidade para que os sistemas organizacionais e as práticas de saúde melhorassem objetivamente o valor dos cuidados por eles prestados.

Métricas utilizadas nos estudos

A Tabela 3 apresenta os resultados das principais métricas que mostram a melhoria proporcionada pelo uso do Lean Healthcare no contexto dos Serviços Farmacêuticos. A coluna de resultados expressa o percentil entre o valor obtido antes e o obtido após a intervenção. Alguns estudos apresentaram indicadores qualitativos ou apenas fizeram um diagnóstico, não apresentando um resultado após uma intervenção ter sido implantada. Este é o caso de Curatolo et al. (2014), Green et al. (2015) e Fisher et al. (2016), que apresentaram um perfil da relação entre o tempo dedicado a atividades que agregam valor e o dedicado a atividades que não agregam valor, sem comparar a variação de tais tempos antes e depois de uma intervenção. Karel et al. (2017) e Lindsay et al. (2014) são exemplos de artigos que utilizaram uma abordagem mais qualitativa. O primeiro analisou a aplicação da metodologia Lean em uma iniciativa para redesenhar o processo de manutenção de fórmulas utilizado no contexto da Farmácia e Comissão Terapêutica em um centro médico acadêmico, relatando que as mudanças contribuíram para um fluxo de trabalho mais seguro e eficiente. Por sua vez, Lindsay et al. (2014) analisaram a experiência dos funcionários após a implantação de um processo mais automatizado de distribuição de medicamentos em um hospital.

Tabela 3. Principais métricas utilizadas para avaliar as intervenções implantadas nos artigos selecionados

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A análise dos artigos permitiu identificar três grandes categorias de variáveis que foram quantificadas nos estudos: atividades que não agregam valor, tempo de espera e tempo de ciclo de dispensação. As métricas de satisfação tanto da equipe de trabalho quanto dos pacientes/clientes foram mencionadas em menor escala.

A identificação e a eliminação das atividades que não agregam valor fazem parte das bases do Lean. Alguns estudos foram limitados para identificar e quantificar o percentual de tempo dedicado a essas atividades, relatando proporções como 23,8%. (Green et al., 2015), 25% (Curatolo et al., 2014), e 40.3% (Fisher et al., 2016). As intervenções elaboradas com o apoio da LH obtiveram reduções relevantes no tempo dedicado a atividades que não acrescentam valor, com reduções de 60% (Prasetya et al., 2015) e 74% (Jenkins; Eckel, 2012). Vale ressaltar que, especificamente no caso das atividades de Serviços Farmacêuticos, uma das principais razões para eliminar perdas é a intenção de aumentar o tempo dedicado pelo profissional farmacêutico a atividades diretamente relacionadas com o paciente, como a farmácia clínica. Este foi um dos objetivos do PPMI e tem sido relatado nos artigos como sendo uma das justificativas (Jenkins; Eckel, 2012; Fisher et al., 2016). Em sua revisão bibliográfica, D’Andreamatteo et al. (2015) indicam a produtividade e a eficiência de custos como uma categoria predominantemente encontrada nos estudos.

O tempo de espera para que o paciente receba o medicamento é outro aspecto que se destaca na quantificação dos benefícios na utilização do LH no contexto dos Serviços Farmacêuticos. Reduções de 27% (Hunter et al., 2013) a 90% (Abuhejleh et al., 2016) foram relatadas. Da mesma forma, outros artigos quantificaram o tempo para o ciclo de dispensação do medicamento, compreendendo o tempo entre o pedido do medicamento e a recepção ou administração ao paciente. As reduções neste indicador variaram entre 17% (Elsheikh et al., 2017) e 86% (Beard; Wood, 2010).

A maioria das aplicações de LH analisadas são aplicações de ferramentas em alguns processos com análises antes e depois da aplicação. Apesar dos benefícios comprovados nas aplicações, ainda há necessidade de uma abordagem que comprove a incorporação do LH como estratégia organizacional e como cultura de melhoria contínua, como também se verificou em Soliman e Saurin (2017).

Kovacevic et al. (2016) argumentaram que a implementação do lean na área de saúde poderia ser mais difícil do que no ambiente industrial padrão e que há um número significativo de projetos lean na área de saúde que não obtiveram resultados mensuráveis e benefícios sustentáveis. Isto reforça a necessidade de se aprofundar as investigações nesta área.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As análises realizadas nesta investigação permitem-nos confirmar que o pensamento lean aplicado ao Serviço Farmacêutico é um tema de pesquisa relevante, apresentando um volume reduzido de trabalhos publicados e uma aplicação relativamente recente, com um crescimento mais forte nos últimos anos. A utilização do Lean Healthcare no contexto do Serviço Farmacêutico está focada no setor hospitalar e nas etapas de Distribuição e Utilização do ciclo de SF, especialmente nas atividades de manipulação e dispensação de medicamentos.

Destaca-se a baixa quantidade de estudos que abordam LH no contexto do SF no nível dos cuidados de saúde primários, bem como estudos que abordam LH nas etapas de Seleção e Compras do SF, independentemente do nível de saúde. Os estudos identificados permitem a visualização dos benefícios de tal aplicação.

A análise dos artigos recolhidos nesta investigação reforçou a relevância da LH na melhoria das operações de Serviços Farmacêuticos, contribuindo assim para reduzir o desperdício de tempo e recursos e aumentar a segurança e eficiência dos processos. Isto é particularmente importante para países cujos recursos são limitados, como no atual contexto brasileiro. Entretanto, as aplicações encontradas consistiram em intervenções pontuais, não garantindo que a LH esteja ampla e consistentemente presente nas organizações.

Foi evidenciado que o LH é uma ferramenta importante no contexto do cuidado farmacêutico, pois ajuda a eliminar atividades que não agregam valor, permitindo assim que o farmacêutico seja mais dedicado a atividades diretamente relacionadas ao cuidado do paciente.

A predominância de estudos dos Estados Unidos e do Reino Unido reforça a importância das ações para fomentar e difundir o pensamento lean no setor da saúde, já que estes países apresentaram tal perfil como resultado de ações coordenadas para estimular o uso do LH.

Esta revisão ampliou o entendimento acadêmico sobre o LH, explorando assim sua aplicação no contexto do SF. Sob o ponto de vista prático, foram identificadas oportunidades para futuras aplicações. As métricas e ferramentas compiladas foram indicadas e podem estimular gestores e tomadores de decisão do SF a aplicar o LH.

Entre as oportunidades para futuras investigações, os seguintes tópicos podem ser destacados: i) identificação da relevância do uso do LH no contexto das etapas de Seleção e Aquisição de SF, mal abordadas nos trabalhos analisados; ii) seleção das ferramentas e práticas de LH mais aplicáveis no contexto deste estudo; iii) compreensão do impacto do LH nas operações de SF que não estão relacionadas ao contexto hospitalar, especialmente aquelas relacionadas à saúde básica; iv) propor métricas para avaliar o impacto de LH nos processos e pessoas no contexto do SF; v) identificar casos em que LH é apresentado como uma abordagem estabelecida e não apenas uma aplicação pontual no contexto do SF, a fim de identificar os benefícios de longo prazo; e (vi) promover a implantação estratégica de LH no SF.


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Recebido: 29 mar. 2019

Aprovado: 02 abr. 2019

DOI: 10.20985/1980-5160.2019.v14n2.1588

Como citar: Pontes, A. T.; Paula, I. C.; Campos, E. A. R. et al. (2019), “Análise da utilização da saúde enxuta no contexto dos serviços farmacêuticos”, Sistemas & Gestão, Vol. 14, No. 2, disponível em: http://www.revistasg.uff.br/index.php/sg/article/view/1588 (acesso dia mês abreviado. ano).